quinta-feira, 9 de julho de 2009

Obama pede a Lula para pressionar Irã contra programa nuclear

Folha Online

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta quinta-feira ao colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, ajuda para pressionar o Irã a renunciar a um programa nuclear que Washington diz ter fins militares, informou a Casa Branca.

Os dois líderes se reuniram nesta quinta-feira por 30 minutos, em um encontro paralelo à Cúpula do Grupo dos Oito (G8, os sete países mais desenvolvidos e a Rússia) na cidade italiana de Áquila. No encontro, os dois abordaram a situação no Irã, o golpe de Estado em Honduras, a crise econômica, a energia e a mudança climática.

Michel Euler/AP
O presidente Lula conversou por 30 minutos com o colega Obama
O presidente Lula conversou por 30 minutos com o colega Obama

Segundo o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, Obama explicou a Lula que os EUA contam com o Brasil, que mantém boas relações comerciais com o Irã, para ajudar a convencer a República Islâmica a renunciar a um programa nuclear com fins militares.

Gibbs acrescentou que Obama disse a Lula que essas boas relações concedem ao Brasil uma oportunidade única para reiterar a posição do G8 acerca do Irã.

Na noite passada, os países do G8 (EUA, Canadá, Japão, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Rússia) emitiram uma declaração na qual afirmam que reconhecem "que o Irã tem o direito de contar com um programa civil nuclear, mas com a responsabilidade de dar uma confiança baseada em que o objetivo de suas atividades nucleares será sempre pacífico".

Honduras

Em sua reunião, Obama também expressou a Lula seu agradecimento pela coordenação do Brasil e de outros países no continente para buscar uma solução diplomática em Honduras, de modo que o deposto presidente Manuel Zelaya volte ao poder.

Sobre a mudança climática, os dois países decidiram manter a cooperação para buscar um maior consenso entre os países diante da reunião sobre o tema em Copenhague, em dezembro.

O G8 aprovou nesta quarta-feira uma declaração na qual se comprometia a reduzir em 80% suas emissões de gases poluentes até 2050, e propunha uma redução de 50% para os países em vias de desenvolvimento.

Os principais países emergentes, como Índia e China --dois dos principais poluentes--, são contra essa redução. O tema polêmico não estará no debate que Obama presidirá nesta quinta-feira no Fórum das Maiores Economias (MEF, em inglês) sobre mudança climática.

As negociações se concentrarão em conseguir que os países emergentes aprovem a meta de limitar o aumento da temperatura terrestre a uma média de dois graus Celsius, algo que o G8 também aprovou em seu documento da quarta-feira.

Crise

Lula e Obama abordaram também a crise econômica e repassaram os passos que podem ser dados para ajudar os mercados emergentes, assim como a importância da regulação financeira.

O encontro entre Obama e Lula ocorreu antes que o G8 começasse uma reunião com as cinco maiores economias emergentes --Brasil, México, China, Índia e África do Sul-- e o Egito.

No encontro entre os dois líderes, houve também um momento de descontração, quando Lula presenteou Obama com uma camisa da seleção brasileira autografada pelos jogadores.

Posteriormente, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que Obama brincou com Lula sobre a final da Copa das Confederações da África do Sul, na qual o Brasil acabou vencendo os Estados Unidos na final por 3 a 2, após virar o placar de 2 a 0 para os americanos.

Os EUA "nunca voltarão a ceder uma vantagem de dois gols", disse o presidente americano, em meio a risos de Lula, segundo Gibbs.

Gibbs disse que a reunião aconteceu por iniciativa de Obama, que, desde sua chegada à Casa Branca, também falou por telefone com o líder brasileiro cerca de seis vezes e já tinha se reunido com Lula na sede da Presidência americana em março.

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